DESABAFOS
CASAMENTOS
SEM FUTURO
Visão
dum’fora da época
Seja radical ou reacionário dificilmente alguém poderá negar que o caos
imperante na moral moderna é um problema a reclamar estudo amplo e
compreensivo.Certo é que haverá radicais considerando a transformação com pesar
e cautela próprios de conservadores, e tão pouco faltarão conservadores que a
acolham com entusiasmo de radicais. Entretanto essas divergências e
contradições são, antes, de carater
individual do que de carater social.
A nossa atitude para o sexo e a vida familiar acha-se determinada
estreitamente pelas complexidades das reações emotivas inculcadas em nós
desde a infância. Obrigaram-nos a
considerar o sexo de determinada maneira e as relações sexuais assumiram
determinadas formas, admitidas, as mais das vezes, sem a menor atenção ao
progresso histórico ou às conclusões científicas. É extremamente difícil subtrairmo-nos essas coisas , tocadas por uma miríade de
associações e incrustadas na personalidade, por assim dizer graças a
experiências cujo número excessivo torna impossível a recordação.
Antigamente todos queríamos que a vida se movesse dentro de moldes
rígidos e simples. Poucos haveria que pusessem em dúvida que as transformações
fundamentais da sociedade contemporânea viriam a ser o resultado da nova
estrutura económica da existência.
O mundo acabou por se encontrar numa transformação revolucionária do
tema. Não é preciso dizer que em alguns lugares essa transformação se verificou
mais depressa e em mais desenvolvida
forma que em outros. Era
inevitável. A desagregação da família
e a decadência da instituição conjugal do mundo moderno, acompanhada do impulso
e da rebelião da juventude, constituem produto revolucionário da nossa
civilização.
As revoluções não são acontecimentos repentinos que sobre nós se
despejam como um golpe inesperado nas trevas.
Estava em 1952 quando, perante a juventude de então lá nas Américas, já
me sentia a adivinhar ou prever, a revolução do futuro do tema em causa. Hoje
estamos nesse futuro e nesta época o monismo sexual adquiriu importância preponderante. O sexo,
para uns, converteu-se em obsessão e para outros, a grande maioria, considerada
a classe jovem, no mesmo que para os animais da pré-história. Isso é devido, em
parte, à tenacidade com que se tem afastado o estudo do problema sexual e, principalmente, às transformações operadas
nas instituições objetivas que tem permitido a emancipação de tais assuntos
tirando-os da reserva e do silêncio precedentes. Embora o sexo seja uma das
forças mais profundas da vida humana, não tem determinado as transformações
sociais nem o progresso económico. A ética sexual é um efeito que uma causa no progresso das relações sociais, e reflete
em vez de determinar, a natureza do referido progresso. O que vemos, pois, na revolução moral que se tem produzido em
nossa época, é o clarim anunciador de uma revolução na vida social que vem
tombando em cima de nós. A velha sociedade encontra-se em
absoluta decadência. A sua velha
moral, chegou à “bancarrota “. A nova
moral (?) é o resultado da sua rápida desagregação e do seu caos. A
independência económica da mulher, antes da guerra, já se havia convertido em
realidade crescente. A dita “nova moral
“, já começava a agitar-se antes da guerra. Entretanto a guerra veio imprimir
rápido movimento a essas forças. E entretanto
também a sua influência imediata e direta foi enorme.
Como se disse, a luta contra as tradições velhas e caducas, nunca é uma luta
desenvolvida num só campo ou de uma única maneira. A presente luta contra a
ética sexual das gerações passadas não é
senão uma parte de outra luta mais vasta contra os antigos métodos de vida. A rebelião
num determinado terreno, só pode triunfar genuinamente, se efetua também nas
demais esferas da vida. A rebelião moral contra uma ordem velha, não poderá
contar com o êxito, enquanto a referida ordem seguir dominando noutros aspetos
da existência.
Estas considerações, para alguns de um louco, visa afirmar que a atual juventude perdeu
inabalavelmente as suas ilusões quanto aos seus fins e inspiração. As guerras,
a sociedade e os pais, perderam, ou desinteressaram-se pelo futuro da juventude
deixando-a vogar ao sabor das águas o que, inevitavelmente, acabam em
estrondosos naufrágios. O amor em toda a sua beleza e plenitude, não existe
mais. Vive-se sem ternura e sem o carinho que antigamente presidia ao sagrado
desejo do matrimónio. Por isso, e já se disse, o sexo acontece sem compromissos
e sem paixão
porque aquilo que no mento chamam paixão
não é mais que um arrebatamento dos sentidos, o mesmo que acontece com todos os
restantes animais, ditos, irracionais. Passada que foi essa tal “paixão “, satisfeito que foi o desejo
animal, tudo fica em nada. Daí que por esse motivo os casamentos de hoje já
estão condenados à partida.
Quando mais atrás fiz referência a América ( neste caso, do Norte ) estava a recordar
como ali se comportavam as jovens de então : sexo ?, só após o casamento. E
olhem que sei o que estou a dizer… Agora
tal princípio e tal moral não existe mais. A tal América de então é constantemente
testemunha de centenas de casos de mães solteiras. E o pior é que a maioria são
garotas de 14 , 15, 16, anos….Tal como cá... A solução, a maioria das vezes,
são bebés entregues em casas de adoção. O aborto provocado é severamente
punido. Aliás como cá.
Sinceramente que não entendo a mentalidade dos jovens de agora, mudam de
par como quem muda de camisa. Pode haver
amor com tanta alternância e promiscuidade ?
E pergunta-se : afinal qual a verdadeira razão destas existências ?
Luta-se porquê e por quem ?
Sinto-me feliz por ser do tempo das
“velhas e caducas tradições “.
Choro a juventude de agora…